Base Manoel Alves Ribeiro (MAR)
Partido Comunista Brasileiro
Florianópolis/SC.

Aos Militantes da Intersindical

Aos Militantes da Intersindical

(Nota Política do PCB)


A Comissão Política Nacional do PCB saúda a realização do Encontro Nacional da Intersindical (Instrumento de Luta e Organização da Classe Trabalhadora), a realizar-se nos dias 28 e 29 deste mês, em São Paulo, e dirige-se a todos os militantes que constroem esta importante ferramenta, no seguinte sentido:

1 – Quando da lamentável divisão da Intersindical, no ano passado, o PCB optou corretamente por prosseguir os esforços para o fortalecimento deste espaço de luta, sem se deixar levar pelo imediatismo da criação a qualquer custo de uma central sindical classista.

2 – Como nossos parceiros na Intersindical, pensamos que a criação da central deve ser produto de um processo de unidade de ação nas lutas cotidianas dos trabalhadores e de acordo com um calendário que não seja burocrático e muito menos se deixe confundir com a agenda eleitoral nacional.

3 – Por isso, não nos parece prudente marcar açodadamente um congresso para criar uma central, ainda mais sem que previamente se defina o caráter desta central. Sendo a central uma união voluntária de forças políticas e sindicais nenhuma delas pode impor a outras a sua concepção, sob pena de se tratar de uma falsa unidade.

4 – Por estas razões, o PCB orienta os companheiros que militam na Unidade Classista e propõe aos demais militantes da Intersindical que não participemos do congresso marcado para junho de 2009, com o objetivo precípuo de criar uma central, que não se sabe se será baseada na centralidade do trabalho, como defendemos, ou uma organização eclética, diluída e movimentista.

5 – Além da falta de definição sobre o que se vai criar, o mês escolhido coincide com o início de eleições gerais no Brasil, o que pode se constituir em mais um complicador, seja pelos riscos de instrumentalização ou de divisão.

6 – Apesar de não participarmos desse congresso, pelas razões expostas, respeitamos todas as forças que o comporão, porque sinceramente têm, como nós, a vontade política de criar uma necessária central sindical classista.  Nossas divergências têm a ver com a metodologia que orienta a convocação deste congresso que julgamos equivocado e inoportuno.

7 – Mas é fundamental que a Intersindical mantenha permanente e franco diálogo com estas forças, nossos principais aliados na luta contra o capital, com vistas a iniciativas e ações unitárias de luta, através da refundação de um espaço comum de ação nos moldes do Fórum Nacional de Mobilização.

8 - Na questão da futura central sindical classista unitária de trabalhadores, este diálogo deve privilegiar os setores que, apesar de não comporem a Intersindical que estamos ajudando a construir, têm a mesma perspectiva da centralidade do trabalho.

9 – É nesse sentido que propomos aos nossos aliados na Intersindical que envidemos o melhor dos nossos esforços para recompor o campo político que a originou e ampliá-lo com outras forças classistas. Defendemos que a função principal da Intersindical é a de ser, a partir da organização e das lutas nos locais de trabalho, um espaço de articulação e unidade de ação do sindicalismo que se contrapõe ao capital, visando à construção, sem açodamento nem acordos de cúpula, de uma ampla e poderosa organização intersindical unitária, que esteja à altura das necessidades das lutas da classe.

10 – Mas estes objetivos só serão alcançados se fortalecermos a Intersindical e a implantarmos de fato na grande maioria dos Estados brasileiros. Assim sendo, conclamamos todos os militantes do PCB e da Unidade Classista que atuam no ambiente sindical a comparecerem ao Encontro Nacional e, mais ainda, a ajudarem a construir efetivamente a Intersindical.

São Paulo, 15 de novembro de 2009

PCB – Partido Comunista Brasileiro

Comissão Política Nacional

1 comentários:

Elaine disse...

Carta aberta à Intersindical

Nós abaixo-assinadas, trabalhadoras, professoras e pesquisadoras do sindicalismo brasileiro, vimos por meio desta manifestar publicamente o nosso repúdio à proibição de que realizássemos uma pesquisa, previamente combinada, na Plenária Nacional da Intersindical, realizada na Praia Grande em 28 e 29 de novembro de 2009, bem como o nosso protesto contra a maneira desrespeitosa e agressiva com que fomos tratadas nessa ocasião.
Havíamos apresentado uma proposta de pesquisa destinada a conhecer o perfil dos militantes da Intersindical e das entidades que participam do esforço de construção dessa organização composta, majoritariamente, pela Alternativa Sindical Socialista (ASS) e Unidade Classista (ligada ao PCB). Trata-se de uma pesquisa de caráter acadêmico que já realizamos junto a outras organizações sindicais (Conlutas, UGT, CTB, e parcela da Intersindical ligada ao PSOL) em Encontros, Plenárias e Congressos, com o objetivo de contribuir para desvendar a atual configuração do sindicalismo brasileiro. Pesquisas dessa natureza são raras em nosso país
e os dados por nós coletados têm sido sistematizados e disponibilizados para as organizações pesquisadas, com o intuito de lhes oferecer informações e análises acerca de sua base social. Por esse motivo, nossa proposta tem sido bem recebida por todas as organizações que contatamos até então.
Para viabilizar a pesquisa na reunião da Intersindical que ocorreria na Praia Grande, procedemos como de praxe: entramos em contato com um dirigente para apresentar a proposta (5/10/2009); enviamos previamente o questionário, dispondo-nos a fazer eventuais alterações e ajustes; solicitamos uma resposta da organização autorizando a pesquisa e apresentamos algumas demandas (transporte; alojamento, impressão dos questionários etc.). Em contrapartida, nos comprometemos a aplicar os questionários e a entregar um relatório sucinto da pesquisa, tão logo os dados fossem processados. Recebemos do dirigente da Intersindical (ligado ao PCB) a devida autorização para a realização da pesquisa, tanto quanto a oferta de transporte e alojamento para que pudéssemos aplicar os questionários durante a Plenária Nacional. Contudo, quando chegamos à Praia Grande, no dia da Plenária, fomos surpreendidas com a informação de que a aplicação dos questionários estava proibida. Além disso, ao buscarmos o diálogo e tentarmos, minimamente, compreender as razões dessa reviravolta, passamos a ser tratadas de maneira agressiva por dois dos dirigentes da Intersindical ligados à ASS que se dirigiram a nós aos gritos.
Desconhecemos os motivos que levaram a essa atitude arbitrária e a esse comportamento hostil. Há certamente divergências internas que explicam o ocorrido, mas tais divergências jamais poderiam ter sido deflagradas da forma desrespeitosa como foram, nem no momento e no local em que ocorreram, porque elas nos atingiram de uma maneira que consideramos inaceitável.
A reorganização do movimento operário e sindical no Brasil contou com a colaboração da intelectualidade socialista e progressista que pesquisa o movimento operário. A quem interessa impedir essa colaboração? Acontecimentos como esse, ao invés de construir a unidade por meio do debate franco e respeitoso, afasta aliados, divide e enfraquece a luta de todos nós trabalhadores.

Campinas, 30 de novembro de 2009.


Andréia Galvão, professora do Departamento de Ciência Política, Unicamp
Elaine Amorim, doutoranda em Sociologia, Unicamp
Patrícia Trópia, professora de Ciência Política, Universidade Federal de Uberlândia
Paula Marcelino, doutora em Ciências Sociais, Unicamp