Base Manoel Alves Ribeiro (MAR)
Partido Comunista Brasileiro
Florianópolis/SC.

POR QUE O PCB VAI APRESENTAR CANDIDATURA PRÓPRIA NAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS

POR QUE O PCB VAI APRESENTAR CANDIDATURA PRÓPRIA NAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS

(Nota Política do PCB)

O PCB julga-se no dever de esclarecer:

1 – Não nos imiscuímos em assuntos internos de outros partidos. Assim
sendo, como partido, não temos nem preferências nem vetos em relação
aos dignos e valorosos companheiros do PSOL que disputam internamente
a indicação como candidato à Presidência da República.

2 – Em programa institucional no próximo dia 25 de março, em cadeia
nacional de rádio e televisão, informamos ao povo brasileiro a
determinação de nos apresentarmos nas eleições presidenciais deste ano
com identidade própria, sem prejuízo de coligações, no campo da
oposição de esquerda, em algumas eleições estaduais. A data do anúncio
coincide com o aniversário de 88 anos do PCB, fundado em 25 de março
de 1922.

3 – Esta atitude é conseqüente com nossa postura desde o início de
2006, quando já deixávamos claro que não estávamos procurando uma mera
coligação eleitoral e muito menos candidaturas, mas a construção de um
bloco na perspectiva de uma frente anti-imperialista e anticapitalista
permanente, para além do PCB, PSOL e PSTU (incluindo movimentos e
organizações populares) e para além das eleições.

4 – Em 2006, a coligação eleitoral então denominada "Frente de
Esquerda" dissolveu-se, na prática, dois meses antes das eleições.
Suas únicas reuniões, até junho de 2006, tiveram como pauta exclusiva
os acordos em torno de candidaturas. Desde então, não houve qualquer
reunião trilateral e, no caso pelo menos do PCB, nem bilateral, além
de episódicos e superficiais contatos regionais.

5 – Para o PCB, foi equivocado o desinteresse em discussões sobre a
conjuntura, a tática e estratégia dos caminhos ao socialismo, que
gerassem consensos programáticos. Fizemos em 2006 uma campanha
presidencial sem programa, abrindo espaço para a então candidata da
coligação expor suas opiniões pessoais que, em muitos casos, não
correspondiam nem às do seu próprio partido.

6 – Jamais, enquanto partidos, confrontamos nossos pontos de vista
sobre qualquer tema, sendo que em alguns temos divergências
importantes, algumas inconciliáveis. Entre estas, há questões que nos
são muito caras, como a necessidade de criação de uma organização
intersindical classista que seja baseada na centralidade da luta do
trabalho contra o capital, a atualidade da construção de uma frente
anticapitalista e anti-imperialista para além do economicismo e das
eleições e o internacionalismo proletário, com a solidariedade firme e
inequívoca à Revolução Socialista cubana, aos processos de mudanças na
Venezuela e na Bolívia, ao povo palestino e aos demais povos em luta.

7 – Sempre defendemos a necessidade de uma construção programática que
envolvesse muito mais que os três partidos da Frente de Esquerda, com
vistas à formulação de uma alternativa de poder que venha a se
contrapor ao bloco conservador, como ponto de partida de possíveis
coligações eleitorais, evitando que a disputa e decisão sobre os nomes
e candidatos ocorra antes e, na maioria das vezes, no lugar da
discussão programática de eixos mínimos que possam representar a
reorganização de um bloco revolucionário do proletariado.

8 – No entanto, estamos no final de março de 2010 e até agora só temos
notícias das intenções dos partidos que compuseram aquela coligação
pelos meios de comunicação ou por informes que nos chegam sobre o
processo de escolha de candidatura presidencial no PSOL, que começou
com a opção de Heloísa Helena por disputar o Senado, depois o
desencontro previsível com Marina Silva e agora com a disputa interna
ainda em curso.

9 - Não podemos deixar de registrar também nossa contrariedade com os
rumos tomados pela então Frente de Esquerda, no que tange aos
parlamentares eleitos com a soma de votos de dezenas de candidatos dos
três partidos que a compuseram. Os mandatos, em especial os de âmbito
nacional, não contribuíram para a unidade e a continuidade da mesma.
Como acontece com os partidos convencionais, foram tratados como de
propriedade dos eleitos, sem qualquer interação ou mesmo consulta
política aos partidos que os elegeram. A preocupação principal desses
mandatos foi garantir a própria reeleição.

10 – Queremos manter com os partidos, organizações e movimentos
classistas que, como nós, vêem a ruptura do capitalismo como a única
possibilidade de transição para o socialismo, uma relação
independente, baseada em consensos programáticos e na ação unitária no
movimento de massas, o que não significa necessariamente estarmos
juntos nas mesmas entidades, organizações e coligações.

PCB – Partido Comunista Brasileiro

Comitê Central

22 de março de 2010

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