Base Manoel Alves Ribeiro (MAR)
Partido Comunista Brasileiro
Florianópolis/SC.

PORQUE ADERIMOS AO PCB

Nota Oficial do Coletivo União Comunista
 
PORQUE ADERIMOS AO PCB
     
Nosso Coletivo se formou com base na disposição de alguns militantes, em sua maioria rompidos com o PSTU no final dos anos noventa, de resistir ao processo de institucionalização e de capitulação ao regime democrático-burguês  das organizações de esquerda no Brasil. Combinada com essa disposição, estava a intenção de batalhar pelo reagrupamento dos revolucionários, necessidade vital ante a ofensiva do capitalismo desde o desmonte da União Soviética.
 
Considerando as condições da conjuntura adversa, as debilidades de um punhado de militantes isolados, podemos dizer que sua trajetória rendeu alguns frutos. Nosso coletivo não se restringiu a discussões internas, manteve uma permanente ação militante, editou panfletos, boletins e até mesmo um jornal regular, O Proletário. Além disso, orientou seus membros no sentido de se estruturar e se organizar junto a nossa classe, animando suas atividades sindicais e culturais. 
 
A consciência de que nosso caminho não deveria ser o de construir mais uma seita de esquerda, atrelada a um "messias do marxismo", detentor de todas as respostas, nos levou desde o começo a nos reconhecer enquanto marxistas militantes, portando, comunistas. Reconhecemos e partimos das elaborações e aportes dos nossos dirigentes históricos: Marx, Engels, Lênin, Trotski, Gramsci e Rosa Luxemburgo. Procurando nos afastar, corretamente, dos exclusivismos sectários e reducionistas.
 
Mantendo coerência com essa linha de pensamento, buscamos estabelecer acordos e relações políticas com outras organizações da esquerda comunista. Fizemos parte do movimento que viria a resultar posteriormente na fundação do PSOL, ali defendemos a formação de uma frente de esquerda, em base a um programa mínimo, aberta as organizações e partidos legalizados, onde estes manteriam sua independência organizativa e política, proposta que se viu derrotada ante a intenção majoritária naquele movimento de se constituir enquanto partido meramente eleitoral, nos marcos do regime burguês, fato que nos levou ao afastamento definitivo.
 
Apesar deste revés, a UC não esmoreceu, pelo contrário, continuou seu  trabalho militante. Orientou-se, então, por um combate permanente contra os desvios sectários e ultra-esquerdistas, adotando, no interior do movimento dos trabalhadores, a proposta de  Frente Única  de todos aqueles que se colocam no campo da luta contra a ofensiva capitalista.
 
É a partir desse período que, nas lutas dos trabalhadores, nas eleições e nas campanhas antiimperialistas, onde tivemos alguma participação aqui no Rio de Janeiro, verificamos  que nossas posições estavam muito próximas das defendidas pelo PCB. A partir desse reconhecimento, procuramos estabelecer relações políticas com este partido, coerentes com nosso objetivo estratégico de reagrupamento dos revolucionários. Esta aproximação culminou com o convite para participarmos  do seu XIV Congresso.
 
Nossa compreensão é de que o PCB demonstrou neste XIV Congresso ter o potencial para se transformar no aglutinador da esquerda comunista brasileira. Nos debates que o antecederam, observamos os posicionamentos  dos militantes e simpatizantes ter livre acesso à mídia do partido, permitindo a todos tomar conhecimento não só das teses elaboradas pela direção, mas de um conjunto de aportes vindos das mais diversas instâncias partidárias. As teses colocaram em discussão uma rica análise da situação internacional e nacional, avançando também no exame da derrocada do modelo burocrático na URSS e das deformações estalinistas ali produzidas.
 
As conclusões do XIV Congresso apontaram corretamente a caracterização do capitalismo, enquanto sistema global, como principal inimigo do proletariado mundial e conseqüentemente colocando o internacionalismo proletário na ordem do dia. A nível nacional, define o caráter socialista da revolução brasileira, a partir do entendimento de que o capitalismo está plenamente consolidado no Brasil, conduzido por um bloco burguês acoplado de forma umbilical ao imperialismo.
 
O PT no governo cumpre um papel nefasto; demonstrou ser a quinta coluna da burguesia no seio do proletariado, reforçou o predomínio do capital monopolista em aliança com o imperialismo, desmobilizando e contribuindo para fazer retroceder a consciência de classe dos trabalhadores.
 
Como estratégia de combate a esse bloco burguês e seus aliados, o Congresso do PCB levanta a necessidade de se constituir um Bloco Revolucionário do Proletariado para aglutinar as forças políticas e sociais antiimperialistas e anticapitalistas, visando a emancipação dos trabalhadores. Esse Bloco precisa ir além de meras coligações eleitorais, devendo se concretizar nas mais diversas trincheiras da luta de classes.
 
Para nós, da União Comunista, estas são as questões fundamentais.  Se temos acordo sobre elas, entendemos que seria um grande equívoco nos mantermos divididos em função de particularidades táticas ou locais. Por estas razões, coerentes com o que sempre defendemos, chegamos à deliberação de dissolver a UC e aderir, como soldados da revolução, ao Partido Comunista Brasileiro.
 
Viva a União dos Comunistas!
Viva a Revolução Socialista!
Viva o Partido Comunista Brasileiro!

1 comentários:

Thelman Madeira disse...

Senhor Secretário Geral,

Abro o endereço do PCB e deparo-me com uma Nota Oficial da lavra de um grupo de pessoas, oriundo do PSTU, o Coletivo União Comunista, ora, aderindo ao PCB e justificando esta adesão com a seguinte conversa mole: há uma conjuntura política adversa, que dificultaria a atuação de militantes políticos isolados. Prosseguindo, numa espécie de advertência descabida e maldosa, a nota nega a importância de um "messias do marxismo", talvez falta-se-lhes a coragem de dizer um "guia genial dos povos'. Mais adiante, faz um reconhecimento histórico do papel de alguns pensadores e revolucionários, colocando, no mesmo saco, os revisionistas Trotsky, Gramsci e Rosa Luxemburgo. Finalmente, falam da sua proximidade ideológica com o PCB, momento em que elogiam o XIV Congresso do partido, como fator de aglutinação da esquerda brasileira, razão a meu ver de preocupação, e, como bons trotskistas se referem ao modelo burocrático soviético e das deformações stalinistas.
Desgraçadamente, o PCB, na pessoa do seu secretário geral, fala do orgulho em recebê-los nas fileiras do PCB, considerando a adesão, como fato histórico que acontece, no momento em que o PCB vem operando mudanças na sua linha política e em sua concepção de partido. Além disso, julga significativo este fato, pois abre a possibilidade de um convívio fraterno, dentro de organização de pessoas, com 'leituras" diferentes do colapso da União Soviética (entenda-se por leituras diferentes do Marxismo-Leninismo o anticomunismo e o antistalinismo raivoso). Aproveita a oportunidade, também, para falar de Marx Engels e Lenin, numa espécie de contradição ideológica, e, sem nenhuma cerimônia, relativiza o conceito marxista-leninista de centralismo democrático, finalizando com menção a uma resolução sobre Estratégia e Tática da Revolução Brasileira, que a julgar pela demora, deve ser a salvação da lavoura.

Tudo isso é lamentável. O PCB receber, em seu seio, trotskstas, em nome do arejamento dos debates internos é um grande equívoco, pois essa gente não diverge na maneira de encaminhar as questões já definidas pelo coletivo, antes de tudo eles divergem da linha ideológica de um partido que se quer comunista, revolucionário e guiado pelos princípios do marxismo-leninismo. Basta olhar a atuação dos adeptos de Trotsky pelo mundo afora. Essa gente, sob o discurso da revolução permanente, não quer revolução alguma. Preferem a tranquilidade da via parlamentar. No fundo, coonestam a classe dominante, vide o papel de quinta coluna do famigerado Trotsky, que gostava de pousar de intelectual brilhante e sua obra mais importante, História da Revolução Russa, escrita em pretenso estilo acadêmico, não chega aos pés da obra do internacionalista John Red, escrita em linguagem jornalística.
Esses aventureiros só podem trazer para o PCB, a discórdia, a divisão, a fração. Seria apenas uma corrente dentro do PCB e todos nós sabemos que um partido comunista não pode conviver com grupelhos questionadores da disciplina partidária e da sua linha programática. Permitir o acesso dessa gente à estrutura partidária é dar asas ao revisionismo, hoje, tão impregnado na esquerda acadêmica e que almeja alastrar-se para organizações fora do âmbito universitário, levando à frente o seu propósito de confundir os militantes comunistas e as massas. Assim sendo, não poderia ser outra a minha atitude, diante de ataque tão frontal a um partido, que deveria guiar-se pelos ensinamentos de Marx, Engels, Lenin e Stalin e não pelos revisionistas de todos os matizes.
Cordialmente,

THELMAN MADEIRA DE SOUZA
Rua Antonio Basílio, 201/602 - Tijuca - Tel: 22683474

THELMAN MADEIRA DE SOUZA